#IMAGINEBELIEBER - PARTE 65

[...]

De repente vejo um clarão, e estou ouvindo algumas vozes, meio desesperadas. A escuridão toma conta.

                                                               ***

Eu estava em um parque, o sol estava no céu, e estava mais quente do que nunca, mas os ventos batiam sobre meu cabelo.

Um bebê estava em meus braços, chorando um pouco mas logo o acalmei. Então reparei, como lindo era. Tinha um nariz delicado, olhos castanhos claros e o pouco que tinha de cabelo, castanhos também. Bochechudo e com somente dois dentes. Ele sorriu.

Eu comecei a andar, e ouvi uma voz falando muito rápido, mas consegui entender, estava gritando para um médico salvar o bebê. Reconheci imediatamente a voz, era de Justin, ele estava gritando, sentia o desespero e o medo em sua voz.

Eu tentava avisá-lo que o bebê estava bem, que estava comigo, mas não sabia de onde sua voz vinha, só tentava gritar, fazer algo, mas não conseguia.

Continuei andando, até que ouvi sua voz novamente, dessa vez estava mais calmo, estava quase cochichando, então eu não consegui entender direito, mas parecia que estava rezando.

Da onde estava vindo? Eu não sei, só sei que comecei a tentar gritar, sem sucesso. Me sentei, e de repente coelhos estavam correndo por ai, peguei um deles e o acariciei.

Tento novamente e finalmente consigo, saiu muito mais baixo do que imaginava, mas já era um progresso.

                                                     ** Justin narrando **

Eu realmente não sei mais o que fazer, nesse momento só queria chacoalhar a (seu nome) e fazê-la perceber que ela não precisa fazer um aborto, que aquilo era um absurdo, mas ela estava decidida. Usei a minha última opção, falei que iria terminar com ela se fizesse aquilo, e que se fizesse aquilo que sumisse da minha frente.

Ela se foi na escuridão. Sozinha, e a pé. É claro que não queria isso, mas vai ver era o único jeito de ela desistir daquilo.

Acordo de madrugada com o meu celular tocando:

-Alô?

-Justin? Vem para o hospital agora!

-Han? Qual?

-(Nome do hospital), a (seu nome) sofreu um acidente de carro.

Eu pulo sentando na cama e falo:

-Quando? Aonde? Vocês já estão aí?

-Nós falamos lá.

-Ela... Ela está bem?

Sem resposta, somente desligou. Eu imediatamente coloco qualquer roupa, pego as chaves do meu carro e vou até o hospital.

Corro até a recepção, e pergunto se ela estava sendo hospitalizada lá. Logo vi o doutor que estava cuidando dela, e comecei a avisá-lo que estava grávida, que precisava fazer exames para ver se estava tudo bem.

O doutor me explicou o que tinha acontecido, e depois de algumas demoradas horas me deixou vê-la.

Eu estava segurando sua mão, rezando, até que o doutor me mandou sair.

                                                      ***

Novamente estava em seu quarto, segurando sua mão, e a olhando. Até que vi sua boca se mexendo, saindo um baixíssimo som. Ela repetiu, extremamente baixo, quase sem som. Ela estava me chamando. Meu coração parou por um segundo, logo apertei um pouco mais sua mão, e ela repetiu meu nome. Devagar ela abriu os olhos e falou recuperando sua voz:

-Aonde estou?

-No hospital, por tentar se matar.

-Eu não... Não estava tentando me matar.

Ela coloca a mão fraca na cabeça e a pergunto:

-Sua cabeça está doendo? Por que você fez isso? Não precisava se matar junto!

-Você não deveria chamar o médico?

Eu estava com um pouco de raiva dela, tipo, ela acorda e simplesmente age normalmente. Eu queria saber por que ela tinha feito aquilo, mesmo achando que já sei a resposta. Mas ela estava certa, o médico precisava vê-la.

-É, provavelmente... Eu...

Me levantei e sai do quarto.

                                                        ** Você narrando**

Ele sai do quarto, e em menos de um minuto um médico e uma enfermeira entraram no quarto. Ele fez alguns testes, umas perguntas ridículas, tipo, quantos anos tinha, meu nome, endereço, nome dos meus pais, como se ele já não tivesse na ficha.

-Eu vou chamar seus pais está bem?

-Não! Não. Eu posso falar com o Justin antes? Ele está la fora né?

-Ta bem, calma, você não está totalmente recuperada.

Ele sai, e o Justin entra no quarto.

-Oi.

-Oi? Sério? Pode começar a explicar.

-O que quer que eu fale? Eu não estava tentando me matar.

-Então o que estava tentando fazer? Porque essa parece a única alternativa.

-Eu estava voltando para casa, para no dia seguinte te falar que não iria fazer o aborto. E no meio do caminho um cachorro tava parado na pista e quando eu tentei frear o carro meio que capotou.

-Por que estava no carro?

-Sério, não pensei que ficaria tão preocupado, afinal você nem se importou em saber se eu cheguei bem em casa.

-Eu fui atrás de você, sem você perceber. Eu vi você entrando em casa e depois fui para casa. Mas pelo visto você não ficou muito tempo lá né.

-Dá para você parar de me julgar? Você conseguiu o que queria, eu não vou fazer o aborto. O bebê está vivo, ele está bem. Não é?

-O médico não te disse nada?

-Não... Ele está bem? Fala!!

-Sim, um milagre, mas está. Mas você tem que tomar mais cuidado! Foi realmente um milagre.

-Um milagre? Nem foi tanto assim.

-Você ficou em coma. Por 3 dias.

-Nada a vê, eu tive um sonho, só. Menos de 20 minutos.

-Não, foi por 3 dias.

-Quando vou receber alta?

-Eu ainda não sei... Eu vou chamar seus pais.

-Não!

A máquina que mostrava os meus batimentos cardíacos acelerou, e ele parou em frente da porta e falou:

-Relaxa está bem? Eu vou falar que você dormiu, mas você vai ter que vê-los.

-Você pode ficar aqui? Por favor?

Ele respira fundo, e se senta no sofá provavelmente nada confortável que tinha no quarto e eu falo:

-Então, o que perdi nesses 3 dias?

-Eu não sei, não sai muito daqui. Só para tomar banho, essas coisas.

-Ah...

Um silêncio extremamente desconfortável toma o quarto. Então eu falei tentando manter o controle, pois eu estava meio, sei la, estava com raiva dele, eu poderia estar morta, e ele nem fala sei la, te amo, não, só fica irritadinho. Como se ele tivesse quase morrido, ha!

-Eu entendo que você está com raiva de mim, e que você provavelmente nem quer ficar aqui, mas.. Nós ainda estamos juntos?

Ele ri, nossa, como sentia falta de seu sorriso. Ele estava encarando o chão, eu sei que estava horrível, mas..

-Nós nunca terminamos de verdade.

-Ha-ha.

-Não tem como acabar com o que a gente tem. Por tudo que a gente passou,e ainda vai passar, o nosso amor continua o mesmo, e somente cresce. Eu agradeço por você ter desistido de abortar o bebê, sei que é um grande sacrifício para você.

-Eu não estou fazendo isso somente por você. Estou fazendo isso por mim também. Sem falar que o meu sonho muito real, me fez refletir.

-É.

Eu não sei o que era, mas algo estava estranho. Não era exatamente assim as nossas conversas. Estava muito fria, sem risadas, ele nem me olhava nos olhos. Como se realmente me odiasse. Ou estava me escondendo algo. Só queria que tudo voltasse ao normal, bom, nossa vida nunca foi normal.

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